23 de dez. de 2010

Talvez

"Maybe we were victims of all the foolish plans [that] we began to devise"
This Ain't Goodbye - Train

Ela gostaria de ser inconsequente, ter coragem para não planejar, não ter medo de surpresas. Mas era uma parte sua que não controlava. Via as pessoas sorrirem com o inesperado e até esperá-lo, invejá-lo, cobiçá-lo. Não ela. Tudo devia ser planejado. Tudo devia ser uma ideia muito bem pensada para acontecer. Era um erro lutar para decifrar a vida, ela sabia, pois decifrar o indecifrável não parecia lá muito simples, e cada erro que cometia, cada tombo, ela julgava ser culpa de sua vulnerabilidade sobre as variáveis que a cercavam. Como controlá-las? A resposta nunca chegaria, pois não existia resposta. Simplesmente não se controlam as coincidências. Sempre optava pelo que pensava ser o melhor caminho, o que lhe reservaria menos dor, menos perigo. E então caia, de novo, e sequer entendia onde cometera o erro. Ela não percebia, no entanto, que seu pior erro era fugir da realidade em busca de algo inexistente, algo inalcansável, uma utopia que ela criara na esperança de se proteger da própria vida.

Esta que passou sem muitas histórias para contar. Ela tinha, na boca, o gosto amargo de não poder se afastar das dores do mundo. Mas seu coração continuava intacto atrás dos muros que levantara.


21 de dez. de 2010

~


Me ensinaram a escolher, mas se não sei o que quero, o que faço com essa indecisão?


Foto por: = einlee (www.deviantart.com)

17 de dez. de 2010

Com vocês: a última piada do ano

Contada pela principal palhaça desse circo todo que está montado, onde cada ser insignificante dessa cidade pensa que estão falando de sua pessoa, porque o chapéu sempre serve.

Mas eu vou dizer uma coisa: essa piada não é mais engraçada. Porque ninguém sabe que tu existe, ninguém liga pra ti, ninguém te quer por perto, e mesmo assim tu continua pensando o quê?, que tu é o centro dos assuntos?, o principal nome que sai de nossas bocas?, que tal a pessoa mais importante da cidade?

O mais legal, no entanto, é que, apesar de ninguém falar contigo, ninguém olhar na tua cara, ninguém de nós estar nem aí pra o que tu acha ou deixa de achar, tu insiste em ficar nos lembrando que um dia nos deixamos ser  enganados pelas tuas mentiras.

OK, só que eu já tinha esquecido. É assim, fácil, simples: me dá uma semana sem tocar em tal assunto e pra mim já foi, não existe mais. Então faz um favor, o último favor? Nos deixa te esquecer, porque a gente está tentando e tu não está deixando.

E depois de tudo isso, aposto que muitas pessoas vão pensar que escrevi esse texto pra elas. O narcisismo é uma lagoa sem fundo. Cuidado pra não se afogar.

6 de dez. de 2010

Continue fingindo

Continue fingindo que não sei, que não sabem, que não vejo, que ninguém vê. Siga acreditando que você é a melhor mentirosa do mundo, que não existe pessoa mais inteligente, mais inescrupulosa ou mais cínica. Não seja humilde, não pare de se enganar, somente continue com esse sorriso escroto estampado no rosto enquanto todos riem por serem subestimados. Eu sei, você realmente acredita que pode me enganar, realmente pensa que ninguém enxerga o óbvio. Você acha que é uma boa atriz e não deixe que eu estrague a sua ilusão.

A dor de você admitir que todos conhecem o seu verdadeiro eu é tão profunda que você finge que é melhor, que está acima dos meus olhos, que tudo o que vejo é a máscara doce, que sou ingênua.

É uma pena, amiga, a ingenuidade é sua.

26 de nov. de 2010

Toda essa dor escondida

Há de fazer mal. Todos sabem, guardar esses sentimentos sem mostrar a ninguém as feridas vai só ferir ainda mais. Então por quê guardá-los? E quem se importa? Cada um tem sua maneira de sofrer e isso não é opcional. Nasce conosco e evolui. O sofrimento está inteiramente ligado ao medo de senti-lo, ao medo de perder, ao medo de demonstrar. Mas é sobre essa dor e esse medo que escrevo, com a promessa de jamais deixar uma lágrima cair. Fazer do triste algo bonito, doa a quem doer, doa o quanto doer. Só deixar a dor surgir, o medo dominar e as palavras me rasgarem sem controle, abrindo feridas que não cicatrizam. Porque não deixo. Porque é a prova de que posso sentir e a ilusão de que posso controlar.


Fonte: ~Ilanya (deviantart.com)

27 de out. de 2010

O diferente é ser normal


Isso é o mais estranho sobre como as coisas mudaram em, o quê, quatro anos?

Desde a minha sétima série eu venho tentando entender a mente dos jovens, a minha própria mente. Todo mundo teve a sua idadezinha rebelde, mas isso parece estar acontecendo cada vez mais tarde, ou então sei lá eu, durando mais. O fato é que quando eu estava na sétima série (e tinha 13 anos), a moda era ser emo. O all star começou a ser comercializado por 80 reais (um abuso, falei) e o preto virou luxo nas rodinhas da gurizada. É, fases são fases, mas aquilo não durou nem um ano, a verdade é essa. Quando se é menor, existe aquela "gana" de chamar a atenção e ser diferente, e realmente isso era difícil há quatro anos atrás, sabe-se lá porquê. E daí? Daí começou a ser mais frequente a história de "quanto mais estranho, melhor". OK, coisa de criança e jovem, o que se pode dizer? 

Agora, francamente! É difícil tu achar um adolescente NORMAL na rua hoje em dia! O normal é ser diferente, o diferente é ser normal e aí ferra tudo porque, para todos os lados que tu olhe, tem gente colorida brigando com gótico, fã de Luan Santana falando mal do Felipe Neto, gente feia na novela com o cabelo parecido com aqueles sertanejos do tempo do ÊPA, mola de telefone dos anos 60 enrolada nos pulsos e tudo o que se pode imaginar. Daí eu digo: O QUE TEM DE DIFERENTE NISSO? Eu até fico indignada, ein. Isso não é diferente daquilo que se vê, daquilo que se ouve. A moral é que é moda gostar de músicas barulhentas e sem sentido, usar roupa colorida pra ser popular, sorrir pra todo mundo e dizer que ama, ser bissexual porque o seu ídolo é, escrever miguxês na internet... Isso não passa de uma verdadeira palhaçada.

O que era usado em protesto antigamente, como o surgimento dos Hippies, que fizeram parte da história, criando um movimento a favor de um ideal, hoje é usado pra escandalizar e não passa de uma farsa. Isso não choca a sociedade; não mais. Todos esses rótulos não nos definem se não há ideais. E não há ideias nas ideias mesquinhas.

24 de out. de 2010

Encontre seus vilões

"Why so serious?"


Enchem a boca para dizer que o bem sempre vence. Para quem? Desde quando? O bem para cada um, é claro, porque somos egoístas. Somos todos da mesma laia, temos nossos próprios monstros, nossos medos e nossos anseios. A sociedade impõe limites, mas ainda assim o lado insensível de cada um prevalece ao lutar pelo bem de si mesmo. 

Procure dentro de si os pensamentos macabros... Eles hão de estar ali, em algum lugar, esperando pelo alimento. Procure o lado obscuro, as feridas abertas que ainda sangram, aquelas que você mente que não existem, aquelas que você esconde até de si mesmo, aquelas que doem tanto que é melhor fingir que não passam de ilusões, pesadelos.

Se não encontrar nada, não pense que não estão aí. É que a sua mentira é tão boa que lhe convenceu.

Ainda pode procurar nas lembranças. Quando você mentiu para livrar a sua pele, quando foi sincero demais e disse palavras duras que machucaram outro alguém, quando um relacionamento não daria mais certo e você quebrou o coração de quem te amava em milhões de pedacinhos e seguiu a sua vida, como se não importasse. Porque não importa. Pelo menos não para você. Mas não subestime esses monstros que vivem imersos nesse mar de mentiras; eles podem te destruir, eles podem vencer. O que impede que sejam eles os vilões de suas próprias histórias?

São eles que prevalecem às vezes e que todos tentamos esconder, que nos tornam humanos, que fazem existir beleza na vida, que transformam tudo isso numa interminável guerra de egos, numa cíclica batalha por um lugar, pela felicidade.

Não minta que não existem demônios em seu interior. Não se renega parte de quem somos.

18 de out. de 2010

Ladra de sorrisos

Você pode sorrir para mim. Sim, apenas um sorriso.
É claro, ele não vai dizer muito. Vai suavizar expressões, quebrar o gelo, talvez até mudar pequenos conceitos.
Mas vou poder dizer que esse sorriso foi meu. Depois que você sorrir, eu não devolvo o que pegar.
O que vier é meu. O que você deixar escapar é meu. Então sorria.
Sorria mesmo sabendo que esse será um sorriso a menos seu, e um a mais meu.
Só um sorriso e depois o que restar não importa...
Sorria para que eu possa escrever, um dia, sobre a minha coleção de sorrisos.
Para que eu possa vestir as máscaras que roubei.



14 de out. de 2010

Morte

Foto por: ~ loremarie (www.deviantart.com)

Grandes olhos traiçoeiros
Prisioneiros da escuridão gélida
Chamada dúvida
Que, no pior pesadelo,
Decidem nunca mais abrir.


11 de out. de 2010

Tenho medo

Medo de sorrir, medo de gritar, medo de sentir.
O medo cresce em mim, eu o alimento.
Cada lágrima que derramo é o medo lutando,
Lutando para me dominar a todo o momento.
Ele é forte, mais forte que minhas vontades
Sou apenas o medo sendo em mim.

4 de out. de 2010

Assustador

É assustador como os pensamentos se embaralham, como as certezas se dissolvem num mar de dúvidas, como a confiança é quebrada em milhões de pedaços de um segundo para o outro sem que isso importe realmente, como a convivência, os segredos, as atitudes, tudo o que é notado, guardado dentro de nós todos os dias não mostra o que uma pessoa verdadeiramente é. 
Eu não sei quem eles são, por mais que eu pense que sei. Há sentimentos obscuros guardados em seus íntimos, há atitudes secretas em seus passados, há ideias sombrias em suas mentes, mas tudo o que noto, tudo o que transparece é a alegria, a raiva, a tristeza... sentimentos que, na verdade, vêm de lugares que já não imagino.
Costumava tentar desvendar cada centímetro de cada um que passava por mim, pela minha vida, lendo nos sorrisos, nos olhares, nos gestos, o que eu pensava ser importante e real, mas isso é tudo mentira, é tudo máscara, mesmo que neguem.
Pessoas só sabem de nós aquilo que queremos que elas saibam, e só sabemos dos outros o que eles desejam, essa é a mais pura verdade. Não importa quão próximas sejam, quão amigas se tornem, haverá sempre muitas faces de uma mesma pessoa que são desconhecidas.

Eu não os conheço. Eu nem me conheço.

Leia também o Blog da Larissa:
http://ameninaquesonhava.blogspot.com/

3 de out. de 2010

Pedaços

Foto por: N4u2k (deviantart.com)

Vivo enquanto recolho os pedaços de minha insignificância perante tudo, mas finjo que importo, finjo que sou insubstituível, minto para mim que farei falta.

Talvez assim a vida seja menos dolorosa, menos triste;

Só olhando para o céu sei que toda a mentira não muda nada. Quando vejo as estrelas e penso nelas, penso em sua grandeza, penso na distância que nos separa e penso em mim... assim vejo que a verdade não pode ser escondida.

Nem por minhas mais lindas mentiras.

30 de set. de 2010

Onde estão os jovens do século XXI?

Infelizmente tenho percebido que, até no meu círculo de amizades, os jovens, em plena Era Digital, não sabem e não querem saber coisas essenciais para que o nosso país cresça. Todos dizem que somos o futuro e eu costumava me orgulhar disso; agora já não sei se isso é uma boa ideia. Tem sido difícil entender por que diabos a política não interessa a quem devia interessar, ou ver que esses jovens dão informações completamente distorcidas sobre a realidade. O que eles sabem é o que passa na televisão, é o que a mídia quer que todos pensemos para que a ignorância continue a predominar no povo brasileiro. Mas isso não serve mais para nós.
Temos acesso, todos os dias, a um mundo novo e não comprado por partidos políticos: a internet. Aqui a verdade pode ser encontrada em muitos lugares como os blogs Cloaca NewsConversa Afiada e Tijolaço, falando de política de maneira crítica, polêmica e sincera, mostrando a verdade por trás daquilo que a mídia poderosa quer que pensemos, a verdade por trás dos partidos políticos e dos candidatos.
Em plenos novos tempos, onde a internet é um caminho seguro para notícias, sem a maquiagem da televisão e dos grandes jornais, por que ainda há jovem que se deixa enganar pelo que eles dizem?
Jovens tem que ler mais; talvez assim a política se torne atraente para todos e possamos, finalmente, pensar que sermos o futuro do país é uma coisa boa, e não um erro.

12 de set. de 2010

Sem paciência pra gente chata

Resolvi começar a postar no blog, que por sinal tenho há tempos, e vou fazê-lo com um assunto que vem me atormentando horrores.
Gente chata.
Então.
As pessoas chatas normalmente não sabem que são chatas. Na real elas se acham super cool, pensam que estão arrasando corações e que suas vidas, conquistas, problemas e o diabo que seja importam para os outros.
Mas eu vou dizer, e vou dizer mesmo que não precise: NINGUÉM SE IMPORTA.
E deve estar escrito na minha testa "depósito de mágoas de pessoas chatas", porque é cada chato que me aparece no caminho que vou falar ein.
O problema é que, quando falamos a verdade, dizendo "ALÔ, pessoa chata, sai pra lá", nos rotulam como intolerantes ou vilões ou sem coração e, sem querer, acabamos sendo comparados a personagens do mal de histórias em quadrinho. Pois eu vou dizer: chega.
Ninguém é obrigado a ser amigo de ninguém. Todos devem se respeitar, até porque todos temos defeitos e, em alguma parte de nós, em partes diferentes em cada um, se encontram eles. Mas não é por isso que temos que sorrir para alguém chato e concordar com tudo só para não magoar sentimentos.
Pessoas são magoadas o tempo todo, mas algo sai disso tudo, algum aprendizado, alguma lição ou, pelo menos, cicatrizes.
Por nós mesmos, às vezes temos que ser sinceros mesmo que sejam dolorosas as palavras.
Da minha parte, eu tenho que ser sincera quanto a isso... eu não tenho paciência com gente chata, e principalmente com gente chata que finge que não escuta quando pedimos licença, quando queremos privacidade, quando queremos tranquilidade.
Eu tenho que dizer. E o preço que eu pago é que acabo sendo vilã de historinhas infantis. Bu.
Todos tem seus sentimentos feridos pela verdade alguma vez, mas o mundo continua girando. Então não vamos todos fingir que isso é uma grande coisa.