6 de jan. de 2011

Por que ficar sozinho tem que ser triste?

Parece que eu sou uma das poucas pessoas que acha a solidão agradável. Ficar consigo mesmo, sem se preocupar em fazer sala, em agradar, em não deixar o assunto morrer, tudo pelo simples fato de você não precisar fingir sobre quem você é pra você mesmo.
Mas no twitter, em blogs, em comunidades no orkut e até na minha vida eu tenho percebido que as pessoas odeiam a solidão... E eu não sei o porquê.
Hoje em dia estar sozinho, e mais, gostar de estar sozinho parece uma pena a ser cumprida, um martírio, o maior dos problemas e das tristezas. Quando eu perguntei porque as pessoas odeiam a solidão, as respostas ainda não me convenceram. É bom estar com os outros? Sim, é bom, mas não precisar ser uma necessidade, e eu até acho que não devia ser uma necessidade, porque em alguns momentos da vida todo mundo precisa ficar sozinho, e lidar com isso vendo a beleza e não a tristeza é muito mais fácil. 
Disseram pra mim, então, que conversar com outras pessoas é bom de vez em quando, e eu estou totalmente de acordo. Mas não é de "de vez em quando" que as pessoas parecem precisar hoje... É de tempo integral, é de todos os dias, todos os momentos, cada suspiro. E quando não se tem isso, parece o inferno na Terra. Mas, de novo, não deveria! E eu tenho uma teoria. Quando eu era mais guriazinha, eu queria agradar meus amigos, queria ser convidada pra todos os eventos, cada coisinha que cada um fazia, e eu realmente me magoava quando não me chamavam. E nesse tempo que eu tinha comigo, talvez até remoendo o que eu achava ser injusto, aprendi que a necessidade que eu tinha de ficar tão perto dos outros era porque eu não conseguia conviver comigo mesma, com aquilo que eu havia me tornado. Então eu mudei. Comecei a ser mais fiel aos meus ideais, a seguir as minhas ideias e percebi que, se não queriam a minha companhia, eu não queria a deles. 
Sabe aquela história de, quando a gente está por cima, começa a chover oportunidade? Quando perceberam que eu não precisava deles, era como se nunca tivessem me deixado. Mas eu já não era a mesma.
É por isso que eu não consigo entender como a solidão pode machucar tanta gente durante tanto tempo. A minha teoria é que a necessidade que temos de passar todo o tempo com outras pessoas é a saudade que temos de nós mesmos. E a solidão não me machuca. Estar com alguém que me conhece me conforta. 
Isso me lembra uma frase de Caio Fernando Abreu, que li em algum lugar, onde ele dizia: "Discretamente enviei sinal de socorro aos amigos. Ninguém ajudou. Me virei sozinho. Isso me endureceu um pouco mais". Transformar a dor em conhecimento.
A solidão, pra mim, não é fraqueza, é fortaleza.

9 comentários:

Brunna Snape disse...

Apesar das pessoas não precisarem da sua opinião para viver, elas DEVERIAM precisar, porque suas teorias são mais do que válidas. Pelo menos pra mim, que sou suspeita pra falar.

Tota disse...

Eu te respondo de barbada a pergunta.

Se o ser humano não precisasse de contato social, não teríamos inventado uma ciência chamada "sociologia". E olha que eu não tou nem sendo troll nem fazendo piada.
Geralmente, pessoas precisam de contato com outros. Tu pode tentar o máximo que puder me dizer que tu não quer companhia dos outros, e que tu quer virar uma daquelas "véias com a casa cheia de gatos", mas eu não vou acreditar. Em algum ponto, em algum canto muito bem escondido da tua (revoltada) pessoa, tu quer conhecer gente, ter amigos, ter o que fazer no final de semana.

Não que eu esteja discordando de tudo que tu disse: precisamos, sim, de contato com pessoas. Mas fingir que se é uma pessoa pra andar com quem a gente acha que deve andar é bobagem.

Tem seis bilhões de pessoas no planeta, então ocorre o que eles chamam de "alguma-coisa" estatística. Não me lembro do nome de cabeça agora, e tô com preguiça de procurar na wikipédia ou no google, mas é um lance basicamente assim: tem TANTAS possibilidades, que a estatística se torna verdadeira. Se tem só 1 pessoa a cada 100 que pensam como tu, só em Montenegro, cidade pequena, já tem 600 pessoas que concordam contigo. Se for uma a cada 1000, são 60 pessoas. Seja uma a cada DEZ mil, são 6 pessoas. Ou seja, se torna estatisticamente impossível que não existam pessoas que "combinem".

Em outros termos, o que eu quero dizer é o seguinte: "been there, done that". Eu também não sou muito fã das pessoas, tanto que algumas vezes não sei como tenho tantos amigos... já que eu não faço questão de tê-los. Gosto da sensação de ser querido, até de me sentir popular, mas não preciso disso pra viver (pra não perder a piada, "preciso é do meu videogame") e não me importo se alguns deles não me derem oi amanhã. A vida é assim, pessoas vêm e vão, são poucas que ficam.

Exatamente como diz a maldita frase da minha camiseta de formatura da oitava série.

Ana Stiehl disse...

Como eu disse no texto: "É bom estar com os outros? Sim, é bom, mas não precisar ser uma necessidade."

É sobre isso que to falando. É claro que é ótimo ter amigos e que ninguém gosta de ser solitário ao extremo, mas essa necessidade, essa loucura de precisar sair todos os dias, ter um namorado por mês, não admitir um fim de semana sozinho em casa, essas coisas, é isso que eu critico, justamente porque esses extremos nunca fazem bem. =)

Tota disse...

Nenhum extremo faz bem.

Larissa Paschoin disse...

Eu sou uma pessoa que apesar de ter um "círculo social", adoro, prezo e sou muito feliz com a solidão. Sempre fui assim, desde muito pequena. As pessoas reclamam, meus familiares principalmente, mas eu gosto. Não é que eu fique trancada no meu quarto vinte e quatro horas por dia; mas eu não dispenso meus momentos de mim comigo mesma. Não acho uma coisa ruim: acho saudável. E isso varia de pessoa pra pessoa, porque tem gente que gosta de ser rodeada de amigos e familiares o tempo todo. E é isso ai.

Adorei o texto, Aninha.

Ana Stiehl disse...

Eu acho que nós somos muito parecidas, Lah, mais do que eu pensava, porque é exatamente igual comigo, sob todos os ângulos do teu comentário.

Obrigada *-*

Anônimo disse...

entendo bem o que é isso. passo a maior parte do tempo sozinho, sem ter em quem me apoiar. e isso é estranho, sabe? um mundo tão cheio de gente, e não ter em quem se apoiar.
mas decidi não correr atrás. isso cansa, cansa demais! sem contar que decepciona. e não, não vou mudar nada pra agradar os outros.
desabafei..

Ana Paula Bechara disse...

Muito legal o texto, concordo com vc! =)

Ana Paula disse...

Ana, mais um post com o qual estou 100% de acordo. Parece que é crime uma pessoa não querer andar sempre atrelado a outros. Eu direi que muitas vezes as pessoas andam nessa situação para alimentar o próprio ego e frustrações. Conheço casos em que estão sempre ou com o telemóvel ao ouvido, ou na net com os amigos, ou em saídas, que defendem essa necessidade para serem felizes, que os que estão sozinhos (quando falo sozinhos, coloco no mesmo contexto que a Ana, o de não andar sempre com uma sombra) é que são tristes, e infelizes, etc... mas vou a ver, e a maior parte das vezes são pessoas frustradas, com uma infelicidade constante a acompanhá-las...
É como a Ana diz, a felicidade está dentro de nós, e o padrões que a sociedade exige, defendendo que são os melhores, nem sempre são os melhores individualmente.
Numa época em que se defende tanto o individualismo, é incrível as generalizações que a sociedade impõe.