14 de jan. de 2012

Brisa

No fim, todos eles tinham razão e eu estava errada. No fim, vale a pena.

Antes de correr para a sorte, eu hesitei. E hesito, ainda. Eu sempre hesitarei. A sorte é tão relativa, tão inesperadamente surpreendente e tão loucamente desejada. Como a louca que sou, mantenho meus pés no chão, firmes, com medo de abrir os braços e me deixar levar pela brisa calma de quando não se tem medo. Essa brisa, em mim, vira ventania, sou engolida pelo furacão, soterrada por quilos e quilos de dúvidas e a tempestade torna tudo à minha frente invisível. Eu gostaria de ser invisível. O que é invisível não precisa se importar com os olhares maldosos de quem acha que sabe tudo, de quem finge ser perfeito, de quem ama pelas beiradas. Se é para se jogar, então eu me jogo. Eu estava errada sobre não dever se jogar nunca; fui jogada pela calmaria, senti a brisa no meu rosto e, logo depois, areia nos meus olhos. E a chuva, ah, a chuva, que sempre chega para levar tudo embora. Mesmo perdendo tudo, ou nunca tendo nada, valeu a pena. Voar, por alguns segundos, antes de fincar os pés no chão novamente e aceitar que a vida não é uma ilusão, que eu não posso voar e que os momentos de felicidade duram menos do que o tempo que levamos pra nos recuperar.

Incrivelmente, valeu.

A chuva cai, agora. Tudo já se foi, todos já se foram. Não sei se foi o furacão que me jogou contra a realidade ou se foi a terra que me cegou para sempre. Não sei se me joguei e a queda foi muito dura, ou se sonhei que voei e acordei atordoada, querendo que fosse real. Mas senti essa brisa e foi calmo como se não houvesse medo. Dói um pouco, mas é fácil sorrir depois de saber que o medo não é uma constante. Fui invisível durante um tempo e foi suficiente para entender que as vantagens de ser invisível são menores do que as desvantagens; longe dos olhares maldosos, longe dos corações. E meu coração é o motivo de eu estar aqui, em busca de qualquer situação que o faça bater aceleradamente, sem medo, na ventania simples de existir só brisa. Sorrio para mim mesma com a certeza de que voar é a minha melhor loucura. 

Mas no fim todos eles estavam errados e eu estava certa. No fim, um sorriso pode curar toda a dor.

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