LEIA A CARTA ANTES DE ABRIR O EMBRULHO.
“Pedro,
Isso que te envio, essa carta, esse embrulho, tudo isso é um presente de grego. Quero destruir os muros que nos separam, quero batalhar com você por você e, no fim, quero vencer. Eu sempre quero vencer, você sabe disso. Conhece esse meu defeito, esse fato bobo de eu simplesmente não aceitar “não” como resposta quando o que eu quero ouvir é um “sim”. Não sou doida, não, sei que sorri quando digo isso, mas sabe que é verdade... Eu sou certa, bem certa do que quero. E, que alguém me ajude, eu quero você. Demorei em admiti-lo, demorei a querer sentir isso que estou sentindo. Como disse Clarice Lispector, alguma vez, “Que medo alegre, o de te esperar”. Sinto um frio na barriga, um vazio no peito, mas quando me lembro do jeito que você sorri quando olha para mim... É como se todos os medos nunca tivessem existido. E, ah, me esqueci de avisá-lo, sou mesmo clichê. A boba, a romântica, porém cética. Aquela que acredita no amor, mas tem medo de amar. Você me encontrou. Isso é um fato. A grande pergunta é: você me quer? Você gostou de ter tropeçado em mim? Você sente seu coração acelerar quando me vê? Gosta do meu perfume? Lembra do meu rosto antes de dormir?
Eu tenho esse presente para te entregar, é claro. É um embrulho simples, como eu. E com simples quero dizer sem muito ornamento, sabe, sem uma beleza de encher os olhos, sem os detalhes que tiram o fôlego de todos. Mas quando você olha para esse embrulho, perde o ar? Está curioso, Pedro? Porque eu estaria. Como estava dizendo, não é nada muito chamativo. Mas o que tem dentro significa muito para mim. Quero que tente ver com meus olhos esse presente. Por favor, chacoalhe a caixa. Ouviu alguma coisa?
Abra o embrulho, Pedro. Você é muito inteligente, é sagaz, é esperto, é lindo. Já sabe o que te dou, não é? Ou melhor, o que te empresto, o que te entrego. Não é material, não tem cor, não tem cheiro. Tem sentido, e só, mas isso é muito! É o meu amor. Ele estava guardado em uma caixa que foi aberta por você. Agora lhe pertence. E você tem duas opções, Pedro: feche essa caixa, lacre-a e devolva-me sem nunca, nunca olhar para trás. Ou aceite meu amor e me ame de volta, mesmo sabendo que sou assim, imperfeita, completamente imperfeita. Quando você leu isso, seu coração ficou quente como o meu fica enquanto espero sua resposta? Se sim, parabéns, você está me amando.
Beijos,
Lia.”
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Foto por ~ra3iatha em www.deviantart.com |