12 de jul. de 2011

De volta

Olhava as estrelas pela janela. Somente uma ou duas brilhavam naquela noite. E a lua não estava lá.

Seu coração estava partido. Sabia que, cedo ou tarde, tudo voltava para o lugar. Mas, até lá, doeria. E podia estar doendo mais que qualquer coisa no mundo, mas nunca se humilharia por ele. Era verdade, não lhe merecia. E esteve ao lado dele todo aquele tempo! Que boba. Tão inteligente para umas coisas e a mais ingênua das criaturas quando o assunto era ele. E ainda bem que doía tanto ter seu orgulho ferido, ter seu amor jogado fora, pois assim não se esqueceria.


Don't you know I'm not your ghost anymore?
You lost the love I loved the most.

E as pessoas diziam para ela que amar é bom. Deve mesmo ser, riu ironicamente. Quando é recíproco. Quando se ama alguém decente, alguém de verdade. Não uma imagem, uma personagem.

Mas o pior, o pior de tudo era saber que ele tinha dito que a amava. Mas, é claro, como era de se esperar, dizia isso para todas as outras. E zombava de cada coração que esmagava com sua arrogância. A prepotência dela a levara onde estava. Merecia estar ferida por achar que seria a pessoa que mudaria a vida dele. Ninguém muda a vida de ninguém se a pessoa não quer mudar. Isso aprendera duramente. Mas tudo bem, disse-se, vai passar, vai passar.

Sofrer por amor é melhor que não sentir nada. Sofrer por ódio talvez também seja. Só que o preço que se paga às vezes é alto demais. Dessa vez custara sua confiança nas pessoas, nas palavras, nos sentimentos. Porque ela estava cega por querê-lo e querer querê-lo. E não viu que ele a tinha nas mãos. E aquelas mãos não mereciam segurar seu coração. Ninguém a teria em mãos novamente. Não sofreria assim por mais ninguém. Porque não importa o quanto se ame alguém, nunca se deve amá-lo mais do que a si mesma. Ninguém estaria a sua frente, nunca mais! 

E a lua, pobre lua, tendo sua luz ofuscada pelas nuvens densas que cobriam o céu. As estrelas pouco brilhavam naquela noite. O que mais chamava atenção era a vergonha, que estava praticamente escrita em sua testa. E a dor que escorria como lágrimas de raiva. Raiva de si mesma por não saber que ele era como era. Raiva de ter sido enganada e raiva de seu coração ter escolhido, mais uma vez, amar alguém errado. Alguém que não quer ser amado. Alguém que não sabe o que significa verdadeiramente gostar de alguém.


You're gonna catch a cold
From the ice inside your soul.
So don't come back for me!
Who do you think you are?

Com um suspiro, aceitou o preço. Pagou. E decidiu que, a partir daquele momento, quem receberia era ela. Cada centavo de volta. Cada lágrima de volta. Cada pedaço do seu coração. De volta.


Música: Jar of hearts - Christina Perri.

2 comentários:

Larissa Paschoin disse...

Me traduziu, Aninha. Traduziu o momento que vivo! Como sempre! Obrigada! *-*.

Gabriela Freitas disse...

Lindo, boa sorte, lindo demais, mesmo, adorei a escolha desta musica